O crime ambiental, potencializado pelo não fazer dos que podiam, forjou um rastro de destruição interconectado no sentido da dúvida para a incerteza, marcando, assim, a jornada do Merey-16 pela costa nordestina.
A cada registro de novas praias, manguezais e estuários atingidos, as consequências trágicas dos reiterados maus-tratos ao meio ambiente ressaltavam a falta de importância dispensada, oficialmente, às questões ambientais e às desigualdades regionais no Brasil de hoje.
A partir da submersão de papel aquarelável nas águas contaminadas, as manchas de petróleo cru foram transferidas, na técnica literal monotipia de ‘‘óleo sobre papel’’. Superposto a isso, o emaranhado de fio sintético se desenvolve num ciclo contínuo, sem início ou fim definidos, através de 116 pontos de inflexão, ou mudança de direção, em alusão a cada um dos municípios atingidos pela tragédia no nordeste brasileiro.
Até hoje, de certo têm-se apenas incertezas, nenhum responsável foi identificado ou mesmo punido, não se sabe como o óleo chegou, o volume derramado ou sequer a real extensão dos danos causados.